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Mudanças climáticas e os desafios para o mercado de seguros

O atual quadro das recentes e contínuas mudanças climáticas atingiu uma situação de urgência. Afinal, só em 2023, o Brasil somou 1.161 desastres naturais. Todo o país está mobilizado em face destas alterações drásticas do clima, a exemplo do recente dilúvio que transformou o Rio Grande do Sul em terra arrasada. Neste episódio, embora as indenizações tenham somado R$ 6 bilhões (o total estimado de prejuízos foi de R$ 100 bilhões, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg), o seguro emergiu como um sistema fundamental, tanto quanto na proteção das famílias e dos negócios, quanto na gestão dos riscos. 

O fato é que o aumento da frequência e intensidade de intempéries extremas como estiagens, enchentes e tempestades lançam às seguradoras o desafio de ser a melhor opção de quem sofre com o desastre ambiental. Nesse caso, o valor dos prêmios tende a ser maior. Os eventos alteram as modelagens de risco e isso evidentemente influencia o preço das apólices. Este é um ponto que conta com a unanimidade das seguradoras. “É preciso atuar de forma proativa no enfrentamento aos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Nosso monitoramento tem sido constante”, afirma o presidente da Tokio Marine, José Adalberto Ferrara. 

Além dos modelos de risco, a análise de sinistros incorpora dados dos fenômenos. Projeções de médio e longo prazo são imprescindíveis para as seguradoras precificarem de forma adequada. A Tokio Marine utiliza plataformas de empresas meteorológicas que monitoram eventos climáticos passados, agilizando processos em caso de sinistros e preparando equipes para ações de contingência. 

E, neste contexto, o uso de tecnologia é fundamental. Hoje, existem startups que desenvolvem um sistema de modelagem com inteligência artificial voltado à identificação de risco climático. O método permite antecipar localizações e períodos de severidade e mostram como linhas de transmissão estão mais expostas a enchentes, alagamentos e rajadas de ventos. Algumas das principais companhias de seguros já aderiram a este sistema. A IA também é ferramenta indispensável no seguro agrícola, protegendo os produtores ante perdas causadas por secas e inundações.

Conjunto de boas práticas

Há um outro aspecto que precisa ser considerado em face das mudanças nas condições atmosféricas. “Os riscos climáticos representam uma ameaça para a estabilidade financeira mundial. Somente por meio de uma avaliação precisa desses riscos será possível a transição para uma economia de baixo carbono”, ressaltou o especialista em sustentabilidade da CNseg, Pedro Werneck, em recente webinar organizado pela Associação de Companhias de Seguros da Costa Rica.

A afirmação de Werneck também vem ao encontro do aproveitamento dos chamados setores verdes. Produtos para energias renováveis e agricultura de baixo carbono evidenciam o conjunto de boas práticas, traduzido na sigla ESG (ou ASG em português), cujo espírito já vem sendo adotado em larga medida pela indústria de seguros. Especialistas consideram que o conceito ESG está cada vez mais interligado com os anseios da sociedade. Afinal, as seguradoras que adotam suas práticas tornam seu negócio sustentável e são bem vistas pelos consumidores.

O “E” da sigla (Environmental ou Ambiental) prega a sustentabilidade global que garante qualidade de vida para todos. No Brasil, as companhias se veem no turbilhão da exposição dos riscos climáticos. Ao repensar suas carteiras, algumas empresas deixam de atuar em determinados riscos e regiões que possuem maior índice e exposição para as catástrofes. Trata-se de um movimento que visa melhorar o resultado das seguradoras. 

Colocação dos riscos

Contudo, tal decisão coloca as corretoras de seguros e os próprios consumidores em uma difícil situação, ao conseguir a colocação dos riscos junto ao mercado. Na opinião do diretor de Operações da Aratu Seguros, Alexandro Silva, as corretoras e os profissionais precisam, na verdade, de um “conjunto de parâmetros para aceitação e um gerenciamento de risco, além de um trabalho preventivo, visando a mitigação dos riscos segurados”. 

O presidente do Sincor Bahia, Josimar Antunes Ribeiro, corrobora as palavras de Alexandro, citando o caso das enchentes recentes no Rio Grande do Sul: “Sem dúvida, a tragédia trouxe à tona a urgência de como os riscos climáticos no mercado devem ser repensados. Para os corretores, este é um desafio complexo, mas fundamental. As dificuldades são reais e menciono aqui três delas: falta de produtos adequados, problemas na precificação e conscientização do cliente”.
Neste último item, Ribeiro acredita que os corretores podem ajudar na conscientização, pois são responsáveis por entender as reais necessidades dos segurados. “É preciso que os clientes entendam a importância de se proteger contra riscos até então improváveis e conheçam as opções disponíveis no mercado. “Esse é o nosso verdadeiro papel”, considerou. De fato, educar o mercado e os segurados sobre o funcionamento de esquemas de proteção contra esses novos riscos é condição sine qua non.

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